Quando usar “mas”, “mais” e “más”

(Por Thiago Brune – Colunista)

Eis aqui mais um tema que geralmente é motivo de indecisão na hora de escrever e muita gente acaba se perdendo. Vamos sanar as dúvidas:

1. O emprego de “MAS” >> A palavra “mas” é a principal das conjunções adversativas. Relaciona pensamentos contrastantes, opositivos ou restritivos. Se eu lhe dissesse: “Meu irmão treinou muito, mas…”, com certeza não precisaria terminar a frase, porque você iria imaginar que ela foi mal na competição:

• Gosto de navio, mas prefiro avião.
• Ele falou bem; mas não foi como eu esperava.

► Se tiver dúvida quanto ao uso de [mas], basta substituí-lo por: porém, contudo, todavia, entretanto. Se for possível a substituição use [mas]:

• Gosto de navio, porém (mas) prefiro o trem.
• Ele falou bem; todavia (mas) não foi como eu esperava.
• Tentou, mas (porém, todavia, entretanto) não conseguiu.

Observações:
1ª). Mas… no entanto – configuram redundância, se usados na mesma frase: Saiu cedo, mas não conseguiu, no entanto, chegar na hora. Para evitar a redundância use [mas] ou [no entanto]:

• Saiu cedo, mas não conseguiu chegar na hora.
• Saiu cedo, no entanto, não conseguiu chegar na hora.

2ª). Mas que – o [mas], neste caso, não tem função e deve ser evitado:

• Ele é o piloto titular, mas que está de licença este ano.

3ª). Vírgula – use vírgula antes de [mas]:

• Vá onde quiser, mas fique morando conosco.
• Sofri muito, mas espero uma recompensa.

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(Imagem da Web)

2. O uso de “MAIS” >> A palavra “mais” é pronome ou advérbio de intensidade, portanto, está relacionado com quantidade, aumento, grandeza, superioridade ou comparação. [Mais], normalmente, é o oposto de [menos]. Na dúvida, substitua-o por [menos] (menas nunca); se for possível a substituição, use [mais]:

• Você quer seu suco com mais (menos) açúcar?
• O brasileiro está cada dia mais (menos) rico.
• Todos querem mais (menos) amor.
• É mais (menos) difícil fazer do que criticar.

3. Casos Especiais

As expressões “mais bem” e “mais mal” – antes de verbos no particípio, use [mais bem] e [mais mal] em vez de [pior e melhor]. Em português, o particípio é a forma nominal do verbo, geralmente, formado com o sufixo [-ado, -ada] para os terminados em [ar] (amado, parado) e [-ido, -ida], para os terminados em [er, ir] (vendido, sentido): Aquelas alunas estavam mais bem preparadas que as outras. E não: estavam melhor preparadas que as outras.

• Seu trabalho está mais bem elaborado que o meu (não melhor).
• Esta roupa parece mais mal acabada que aquela (não pior).

► Nos demais casos, use pior e melhor.

Mais bom que mal – só quando comparamos atributos ou qualidades:

• O José é mais bom que mal (e não: melhor do que pior).
• O filme é mais bom que mal (e não: é melhor do que pior).

Mais ruim – use apenas em comparações como:

• Arnaldo é mais ruim que bom.
• Ele é mais ruim que falso.

► Nos demais casos: Fulano é [mais] malvado, é mais perverso, é mais falso que o irmão (e não: mais ruim).

• Ela é mais atenciosa que as outras.

Mais o que fazer – não existe [o] entre o [mais] e o [que] em frases como: Tenho mais que fazer (e não: mais o que fazer).

• Há mais que dizer (e não: mais o que dizer).

Mais grande – não use nunca. Na língua culta é um erro grave. Use sempre maior: Pedro é maior do que Paulo.

4. O uso adequado de “MÁS” >> O termo “más” é o plural do adjetivo [má] que por sua vez é o feminino de [mau]. Como o oposto de [mau] é [bom] e o de [má] é [boa] o plural de [más] será [boas]. Então, basta substituir [más] por [boas]; sendo possível a substituição mantenha o [más]:

• Estavam com más (boas) intenções.
• As más (boas) ações empobrecem o espírito.
• Sempre soubemos que elas eram más (boas)

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